O vinho e uma história de inclusão
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- Categoria: a história do vinho
Essa é uma história verdadeira, daquelas capazes de emocionar.
Japão, década de 1950. Era uma vez Noboru Kawata, um professor especializado em alunos com deficiências intelectuais e mentais.
Inconformado com a realidade de seus alunos, cujas perspectivas de vida, de trabalho e de desenvolvimento muitas vezes não eram vistas como prioridade, Noboru Kawata criou um belo projeto de inclusão social.
Convencido dos benefícios do contato com a natureza para motivar seus alunos, ele criou um centro de estudos e convivência para reabilitação de pessoas com deficiências intelectuais, nas escostas de uma montanha a cerca de 3 horas de distância de Tóquio.
Noboru Kawata não acreditava que as formas convencionais de tratamento atendiam às necessidades de pessoas que não se encaixam em papéis tradicionais na sociedade.
Ele então imaginou uma instalação de moradia e de trabalho para alunos com deficiência física ou mental, muitos deles, inclusive, rejeitados por outras instituições. Ele imaginou um local onde todos pudessem viver com dignidade, cujo objetivo principal fosse proporcionar trabalho, de acordo com a capacidade de cada um.
As atividades começaram com o cultivo de cogumelos shiitake e de uvas, atividades simples e repetitivas, adequadas aos alunos. Ao perceber o crescente desenvolvimento de suas capacidades, Noboru introduziu a produção de vinho, que geraria mais renda e melhores condições de vida a todos.
Noboru Kawata faleceu em 2010, e atualmente o centro é gerenciado por suas filhas. Em 2004, ele escreveu, em seu livro de memórias: “Fazer vinho, para mim, é muito parecido com o trabalho com os meus alunos. É trabalhar com o que a natureza tem a nos oferecer, e trazer à tona o melhor de cada um.”
Atualmente, são mais de 150 alunos, com idades que variam de 17 a 84 anos, a maioria deles moradores do próprio centro. São pessoas diagnosticadas com diferentes níveis de autismo, síndrome de Down, deficiência de desenvolvimento e outras necessidades especiais.
Os alunos, antes sem grandes perspectivas, agora são agricultores qualificados, e produtores dedicados de vinhos. Lá, cada um trabalha de acordo com as suas capacidades. Mas engana-se quem subestima a qualidade dos vinhos produzidos pela vinícola, chamada Coco Farm & Winery. Na realidade, alguns críticos elencam esses, entre os melhores vinhos produzidos no Japão.
Apesar dos retornos de reconhecimento, mais importante que isso é o sentido de dignidade e honra, por trás dos sentimentos de paixão e compromisso.
A esses alunos e profissionais, o nosso brinde, e a nossa admiração.
E, se quiser ler mais sobre a produção de vinhos no Japão, clique aqui.
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